Saúde é um direito. Um direito a vida digna.

Muito já se fala hoje, no entendimento de saúde como algo além da ausência de doenças. Portanto, a saúde mental também será entendida de maneira ampliada, considerando fatores históricos, sociais, econômicos, dentre outros.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS): Saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a comunidade. Neste sentido, não é possível termos saúde, quando encontramos algum desequilíbrio, seja de ordem física, mental ou social. Ou seja, são muitos fatores que podem interferir na saúde mental de uma pessoa. Situações de trabalho ou a falta deste, exclusão social, discriminação, vivencias de violência e desrespeito, direitos humanos violados, tudo isso pode ser fator de risco. Como exemplo, podemos citar, o cenário atual do nosso país. A situação social, política e econômica que o Brasil vem enfrentando, tem contribuído para alguns adoecimentos. Sentimentos de desesperança, desespero, tristeza, pânico, são comuns quando escutamos algumas pessoas. Dessa forma, podemos questionar, se as fragilidades emocionais e o adoecimento podem ser desencadeados mais facilmente nesse contexto. Como é possível observar em outros momentos históricos marcantes já vivenciados.
A constituição federal nos aponta a saúde como um direito de todos e um dever do estado. Diz ainda, está atrelado ao direito à vida digna e as construções em saúde mental vão ter como base essa premissa. Dessa forma, esses serão os olhares que nortearam as discussões pretendidas nesse texto.
Quando fazemos esse debate, sobre saúde mental, percebemos que há alguns entendimentos estereotipados que foram se consolidando ao longo do tempo. Fazer uma divisão entre normal e patológico e entender saúde mental como algo estritamente relacionado à pacientes psiquiátricos e clínicas/hospitais de tratamento, é algo muito comum ainda. No entanto, dizer de saúde mental, é dizer de todas as pessoas. Dizer de suas potencialidades de seus sofrimentos diante da vida, de suas limitações e das condições na qual estão submetidas.
Desta forma, o olhar que trazemos aqui será multifatorial sobre a saúde mental. Entendemos que diversas situações são provocadoras de condições favoráveis ou não para nossa saúde mental. Fatores sociais, econômicos, biológicos e psicológicos são interferências para o modo de viver e de adoecer de cada um. O sofrimento humano está relacionado também com o contexto histórico, neste sentido, não há como falar de saúde mental sem olhar para o lugar que ocupamos no mundo e o momento em que estamos vivendo. Não há como cuidar da saúde mental sem cuidar também da sociedade na qual estamos inseridos.
É necessário promover construções que objetivam uma sociedade mais igualitária, onde o respeito, a cidadania e os direitos possam ser garantidos. Cuidar da saúde mental não é apenas acolher com psicoterapia e medicamentos aquele que chega nos consultórios médicos e psicológicos, nas clínicas psiquiátricas, nos serviços de acolhimento. Claro, é também isso, e inclusive esse ponto é essencial. No entanto, chamamos atenção aqui para um olhar mais amplo e interdisciplinar sobre a saúde. A saúde não esta separada da assistência social, não esta separada da educação, não está separada dos direitos humanos. A saúde faz parte de um conjunto de fatores que são interconectados com o qual estamos interagindo e reagindo o tempo todo.
Reiteramos, no entanto, que se trata de um processo que é individual e coletivo ao mesmo tempo. Individual no sentido em que cada pessoa apresentará uma resposta a sua existência, um modo de viver. E coletivo, porque não se trata de algo que depende apenas daquele que vive o sofrimento e sim de construções e interações diversas. O que não significa desconsiderar as singularidades, o modo de viver e de responder de cada pessoa, mas a busca para compreender a relação com o contexto em que se vive. E inclusive, possibilitar espaços de escuta dessas relações e sentimentos diante das vivências. A ajuda é fundamental, para reflexões e para possibilitar novas construções. Faz-se necessário, então, mais investimentos em Políticas Públicas, e em outros projetos, para se ampliar a contribuição nessa área.
É importante dizer que, quando temos recursos, sejam eles através da arte, da cultura, da educação, da vivência dos afetos, dos laços, dos encontros, da comunidade, da liberdade, da inclusão, da valorização, e do respeito às diferenças, estamos cuidando da nossa saúde. Quando temos espaço onde somos considerados, acolhidos e escutados, estamos cuidado da nossa saúde.
Desta forma, o cuidar da saúde mental vai além das práticas pessoais para se viver um bem-estar. Cuidar da saúde mental é lutar constantemente pela garantia de Direitos Humanos e pela cidadania, onde todos possam estar cuidados e incluídos eticamente.
A busca pela felicidade, a busca de sentido, o amor, as perdas, a angústia e os sofrimentos fazem parte do existir humano e não há um padrão correto ou mais adequado para se reagir diante do viver, então, que possamos ter espaço e empatia para toda e qualquer forma de viver e de amar, pois, isso é cuidar da saúde mental.
Referências Bibliográficas:
https://nacoesunidas.org/saude-mental-depende-de-bem-estar-fisico-e-social-diz-oms-em-dia-mundial/