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Eu pago a Psicóloga para ela brincar com meu filho?


Certamente não, mas esta é uma visão bem comum e aceitável quando se trata de Psicoterapia Infantil. Simplesmente pelo fato de que o principal material usado nestes atendimentos é o brincar, com livros, jogos, recursos terapêuticos, assim como os brinquedos tradicionais em si, que são bem úteis. Muitos pais entendem que a brincadeira em terapia é semelhante ao brincar comum do dia-a-dia, mas ainda acreditam, confiam e entregam seus filhos a nós, porque sabem a importância e as diversas necessidades que surgem no decorrer do seu desenvolvimento, muitos ainda não tem clareza de como são feita estas brincadeiras, os motivos, e como conseguimos realizar intervenções que contribuem para o desenvolvimento da criança.


Por este motivo resolvi falar um pouquinho sobre isso hoje: Com certeza o trabalho realizado é um conjunto de atividades e avaliações, não apenas pelo brincar, mas sim a soma de uma boa anamnese, entrevista com os pais e avaliação inicial do processo.


“A psicoterapia se efetua na sobreposição de duas áreas do brincar, a do paciente e a do terapeuta. A psicoterapia trata de duas pessoas que brincam juntas. Em consequência, onde o brincar não é possível, o trabalho efetuado pelo terapeuta é dirigido então no sentido de trazer o paciente de um estado em que não é capaz de brincar para um estado em que o é”. (WINNICOT, 1975, p. 63).


A principal questão referente ao brincar é que lugar este ocupa durante as sessões: a forma como a criança brinca, o contexto em que a brincadeira se desenvolve, o significado dos jogos realizados. Sendo assim, é necessário sintonia entre o psicoterapeuta e a criança para que o brincar tenha resultados e para que o ambiente possibilite uma reconstrução das demandas da criança, sem que se realize intervenções diretas pela psicóloga, Winnicott sugere ao terapeuta infantil que muitas vezes o brincar tenha maior importância do que o momento das “interpretações”.


A brincadeira é o meio de comunicação da criança, através dela é capaz de projetar de forma natural seu mundo interno e se expressar com o mundo ao seu redor: ela revela seus sentimentos, angustias, medos, comportamentos e vivencias de maneira geral que muitas vezes ainda não conseguem expressar, além de desenvolver habilidades necessárias para a vida adulta. O brincar para a criança é coisa séria!


O Psicólogo que trabalha dentro do universo infantil tem que proporcionar as crianças um ambiente favorável, aconchegante e único, para que a criança consiga expor suas limitações e potencialidades, mesmo que não perceba o trabalho intenso que esta realizando junto com seu terapeuta.


A brincadeira proporciona um desenvolvimento saudável, Winnicot (1975) considera a brincadeira como sendo primaria, assim o brincar é muito importante sabe porque?


- Contribui para todo processo de atenção, memória, coordenação e linguagem;


- Através da brincadeira a criança utiliza a imaginação, permitindo expressar seus sentimentos como: angustias, timidez, frustrações, descontroles emocionais, demandas vindas da separação dos pais, mudança de escola, troca de cidade, entre outras;


- Favorece a socialização, desenvolve habilidades sociais, aprende a seguir regras e amplia a capacidade de raciocínio, limites e frustrações;


- Amplia a capacidade dos pensamentos, a resolução de problemas, descobrindo como lidar com suas próprias emoções e confusões.


Sendo assim, você não paga um Psicólogo só para brincar com sua criança, você investe em um profissional qualificado, com competência para “brincar”, interpretar, intervir, resignificar, reviver e elaborar suas faltas a fim de amenizar suas dores e dilemas internos.

Referencias:

WINNICOT, D. W. O brincar e a realidade. Tradução de José Otávio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

O lugar do brincar na psicanálise de crianças. Psicol. teor. prat.[online]. 2003, vol.5, n.1, pp. 71-79. ISSN 1516-3687.

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